O poeta
Miguel Torga nasceu em Trás-os-Montes, região que o marcaria para toda a vida. A sua obra reflete a força da sua ligação à terra onde nasceu.
Médico, escritor e poeta, criado entre os trabalhadores rurais, Torga transmite todo o carácter humanista, em cada uma das suas facetas profissionais.
Miguel Torga nasceu em 1907 em S. Martinho de Anta, concelho de Sabrosa Trás os Montes. De nome Adolfo Correia da Rocha, adotou o pseudónimo de Miguel Torga.
Em 1934, aos 27 anos, Adolfo Correia Rocha cria o pseudónimo “Miguel” e “Torga”. Miguel, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. Já Torga é uma planta brava da montanha, que deita raízes fortes sob a aridez da rocha, de flor branca, arroxeada ou cor de vinho, com um caule incrivelmente rectilíneo.
Depois de uma breve estadia no Porto, frequentou apenas por um ano, o seminário em Lamego.
Em 1920 partiu para o Brasil para a fazenda de um tio. Regressou depois a Portugal acompanhado do tio, que se prontificou a custear lhe os estudos em Coimbra. Em apenas três anos fez o curso do liceu, matriculando-se a seguir na Faculdade de Medicina, onde terminou o curso em 1933.
Após ter entrado para a universidade, deu início à sua obra literária, com os livros “Ansiedade” e “Rampa”. Só em 1936 passou a usar o pseudónimo que o havia de imortalizar. Desde a década de trinta até 1944, escreveu uma obra vasta e marcante, em poesia, prosa e teatro. Não oferecia livros a ninguém, não dava autógrafos ou dedicatórias, para que o leitor fosse livre ao julgar o texto.
Foi várias vezes candidato ao Prémio Nobel da Literatura. Ganhou vários prémios entre eles o Grande Prémio Internacional de Poesia e em 1985 o Prémio Camões.
A sua poesia reflete as apreensões, esperanças e angústias do seu tempo. Nos volumes do seu Diário, em prosa e em verso, encontramos crítica social, apontamentos de paisagem, esboço de contos, apreciações culturais e também magníficos textos da mais alta poesia. Toda a sua obra é a expressão de um indivíduo vibrante e enternecido inteiramente ligado à sua terra natal. Com ideias contra o Salazarismo, foi preso e pensou em sair do país mas a sua forte ligação com o país não o permitiu.
Não obstante e diversidade da sua obra, (poesia, teatro, narrativa de ficção – romance, contos) existem marcas inconfundíveis em todos os seus escritos: um estilo vibrante, umas vezes de enternecimento, outras vezes de revolta; uma força telúrica que o puxa para a terra, sobretudo para a terra transmontana; uma espécie de panteísmo que o leva a ligar com grande efeito poético, o físico ao transcendente; o continuado jogo de contrastes ( bem – mal; angústia – esperança; sombra – luz) , verificados, a maior parte das vezes, no seu “eu”.
Faleceu em 1995. Em 1996 foi fundado o Círculo Cultural Miguel Torga.
Os Diários de Torga
O Diário de Torga, publicado originalmente em edição de autor, em 16 volumes, constituem o retrato de um homem, de um escritor e de um tempo. Publicados ininterruptamente entre 1941 e 1993, dão-nos uma apaixonante visão do país e da sociedade portuguesa da época, com todas as transformações que ao longo desse tempo a marcaram.
Este não é o retrato fiel dos acontecimentos e da vida do homem Adolfo Rocha, mas os estremecimentos e reflexões do autor sobre as circunstâncias e conjunturas da vida, como o revela no seu último Diário: “E chega ao fim, com este volume, um livro que comecei a escrever um pouco estouvadamente há sessenta anos, e acabo agora com mais assento. Como é sabido, ninguém conhece o dia de amanhã, e, pelo que me diz respeito, fui um mártir dessa incerteza. E iniciei o presente tomo quase seguro de que o não terminaria. O resultado está à vista: um estendal de dúvidas e gemidos. Mesmo assim, talvez valha a pena que se junte aos outros, como seu natural remate. Mais do que páginas de meditação, são gritos de alma irreprimíveis dum mortal que torceu mas não quebrou, que, sem poder, pôde até à exaustão. E se despede dos seus semelhantes sem azedume e sem ressentimentos na paz de ter procurado vê-los e compreendê-los na exacta medida. E que confia no juízo da posteridade, que certamente lhe vai relevar os muitos defeitos e ter em conta as poucas mas sofridas virtudes” (Diário, Coimbra, 9 de Dezembro de 1993).
O poema
O poema dedicado à mãe, incluído no “Diário IV”, é um exemplo da comovedora capacidade de acreditar que a morte não poderia afastá-la da sua vida.
O Diário IV vai de 12 de setembro de 1946 a 3 de abril de 1949. A marca mais saliente desta secção dos Diários de Torga foi o surgimento de temas aparentemente mais pessoais, senão íntimos, bem como uma emergente preocupação com questões de ordem filosófica como as reflexões sobre a morte e/ou a finitude da vida. Um dos acontecimentos que pode explicar tais ocorrências, terá que ver com a morte da mãe do autor, cuja primeira referência aparece neste poema “Mãe”.
Recordemos que os pais do autor, camponeses pobres, são evocados em várias páginas do Diário e n’A Criação do Mundo. O pai, Francisco Correia Rocha, é retratado como um exemplo de tenacidade, de inteireza e de aprumo moral. A mãe, Maria da Conceição de Barros, tinha com o filho Adolfo uma relação de cumplicidade e ternura. Daí o sofrimento, a angustia do poeta (“Chamo aos gritos por ti”) por perder a sua cumplice, a sua amiga, o seu apoio.
“Que és a eterna mulher entre as mulheres”- apesar de a morte a ter levado ela será sempre e para sempre sua mãe.
Este poema é muito usado, ainda nos dias actuais, pelos muitos filhos que se deparam com a perda das suas projenitoras. São muitos os cidadãos que face á morte das suas mães, proclamam ou publicam este poema de Miguel Torga como forma de prestar homenagem a quem os deu vida.
Análise estrutural
Poema constituído 3 quintilhas (primeira, segunda e ultima estrofes) e 1 quadra (terceira estrofe). Contém rima cruzada na 1ª estrofe, cruzada na 2ª e 3as estrofes e interpolada e emparelhada na ultima estrofe. Os versos são todos decassilábicos.
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